quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Estranho personagem, esse tal de motociclista.

Difícil crer que seja possível preferir o desconforto de uma motocicleta, onde se fica instavelmente instalado sobre um banquinho minúsculo, tendo que fazer peripécias para manter o equilíbrio e torcendo para que não haja areia na estrada.

 

Como podem achar bom transportar o passageiro, dito garupa, sem nenhum conforto ou segurança, forçando o coitado a agarrar-se à pança do motociclista, sujeitando ambos a toda sorte de desconfortos, como chuva, ou mesmo aquela "ducha" de água suja jogada pelo carro que passa sobre a poça ao lado, ou de ficarem inalando aquele malcheiroso escapamento dos caminhões em uma avenida movimentada como a marginal Tietê, por exemplo, sem falar da necessidade de se utilizar capas, casacos e capacetes, mesmo naqueles dias de calor intenso.

 

Isso tudo enquanto convivemos numa época em que os automóveis nos oferecem toda sorte de confortos e itens de segurança.

 

Ar-condicionado, que permite que você chegue ao trabalho sem estar fedendo e suado; "air bags", barras laterais, cintos de três pontos, etc., que conferem ao passageiro uma segurança mais do que necessária; som ambiente; possibilidade de conversar com os passageiros (OS passageiros...) sem ter que gritar e assim por diante.

 

Intrigante personagem, esse tal de motociclista.

 

Apesar de tudo o que disse acima, vejo sempre em seus rostos um estranho e particular sorriso, que não me lembro de haver esboçado quando em meu carro, mesmo gozando de todas as facilidades de que ele dispõe.

 

Passei, então, a prestar um pouco mais de atenção e percebi que, durante minhas viagens, motociclistas, independente de que máquinas possuíssem, cumprimentavam-se uns aos outros, apesar de aparentemente jamais terem se visto antes daquele fugaz momento, quando se cruzaram em uma dessas estradas da vida. Esquisito...

 

Prestei mais atenção e descobri que eles freqüentemente se uniam e reuniam, como se fossem amigos de longa data, daqueles que temos tão poucos e de quem gostamos tanto.

 

Senti a solidariedade que os une. Vi também que, por baixo de muitas daquelas roupas de couro pesadas, faixas na cabeça, luvas, botas, correntes e caveiras, havia pessoas de todos os tipos, incluindo médicos, juízes, advogados, militares, etc. que, naquele momento, em nada faziam lembrar os sisudos, formais e irrepreensíveis profissionais que eram no seu dia a dia.

 

Descobri até alguns colegas, a quem jamais imaginei ver paramentados tão estranhamente.

 

Muito esquisito...

 

Ao conversar com alguns deles, ouvi dos indizíveis prazeres de se "ganhar a estrada" sobre duas rodas; sobre a sensação deliciosa de se fazer novos amigos por onde se passa; da alegria da redescoberta do prazer da aventura, independente da idade; e da possibilidade de se ser livre e alegre, rompendo barreiras que existem apenas e tão somente em nossas mentes tão acostumadas à mediocridade.

 

Vi, ouvi e meditei sobre o assunto.

 

Mudei minha vida...

 

Maravilhoso personagem, esse tal de motociclista.

 

Muitas motos eu tive, mas jamais fui um verdadeiro motociclista, erro que, em tempo, trato agora de desfazer. Mais que uma nova moto, a moto dos meus sonhos. Mais que apenas uma moto, o rompimento dos grilhões que a mim impunham o medo e o preconceito e que por tanto tempo me impediram de desfrutar de tantas aventuras e amizades.

 

Deus sabe o tempo que perdi e as experiências que deixei de vivenciar. Se antes os olhava com estranheza, mesmo sendo proprietário de uma moto (mas não um motociclista), vejo-os agora com profunda admiração e, quando não estou junto, com uma deliciosa pontinha de inveja.

 

O interessante, é que conheço pessoas que jamais possuíram moto, mas que estão em perfeita sintonia com o ideal motociclista.

 

Algumas chegam até mesmo a participar de encontros e listas de discussão, não que isto seja imprescindível ou importante. O que importa é a filosofia envolvida.

 

Hoje, minha esposa e eu, montados em nossos sonhos, planejamos, ainda timidamente, lances cada vez maiores, sempre dispostos a encontrar novos velhos amigos, que certamente nos acolherão de braços abertos.

 

Talvez, com um pouco de sorte, encontremos algum motorista que, em seu automóvel, note e ache estranho aquele personagem que, passando em uma motocicleta, com o vento no rosto, ainda que sob chuva ou frio, mostre-se alheio a tudo e feliz, exibindo um largo e incompreensível sorriso estampado no rosto.

 

Quem sabe ganhemos, então, mais um irmão motociclista para o nosso grupo.

 

Fernando Drummond

 

Texto enviado por Marcellus P. F. (marcellus.luiz@hotmail.com )

Quem dera as mulheres fossem como as motos, nenhuma relação daria errado...

Lá no meu tempo de criança, quando alguém estava diante de uma dúvida cruel, costumava dizer:

 

"Não sei se caso ou se compro uma bicicleta"...

 

Era assim com o Diógenes... Ou quase...

 

Sempre sonhou em ter uma moto. Aí conheceu a bela Iraildes e do amor à primeira vista até o casamento foi um pulo. Despesas para montar a casa adiaram o sonho de duas rodas.Vieram os filhos e novos adiamentos.

 

Sempre que Diógenes, marido exemplar, falava em comprar uma moto, sua amada esposa lembrava a ele uma das necessidades do lar.

 

Ora uma geladeira nova, ora o jogo de sala que estava precisando uma recauchutagem.

 

E os anos trouxeram a acomodação, até que um dia Iraildes disse a Diógenes:

 

"A relação está desgastada. Precisamos discutir a relação."

 

Chatíssima a discussão e apesar dela pouco pode ser feito e o casamento acabou-se em separação.

 

Chatíssima a discussão e apesar dela pouco pode ser feito e o casamento acabou-se em separação.

 

Desnecessário dizer que a nova companheira lhe proporcionava momentos de irresistível prazer. Mas nada como um dia depois do outro e alguns estalos estranhos levaram nosso amigo ao mecânico.

 

O mecânico foi implacável:

 

"A relação está desgastada. Precisamos trocar a relação."

 

De repente aquele gosto amargo de filme repetido passou pela cabeça de Diógenes, mas não havia outra coisa a fazer.

 

A relação nova + mão-de-obra, ficou em menos de cinqüenta merréis e a companheira voltou a sorrir pra ele...

 

Ah! Se as mulheres fossem como as motos...

 

Um abraço.

 

Émerson Costa

FOX MOTO GRUPO

BRAZIL RIDER'S

Fortaleza – CE

 

Texto enviado por Marcellus P. F. (marcellus.luiz@hotmail.com )

Reunião na Casa de Ciro Sabino (22/08/07)