terça-feira, 4 de novembro de 2008

Diário de Bordo – 10° Rota do Sol (By Esspiao)

A ansiedade era imensa! A noite que antecedeu a nossa partida quase não passava. Levantei por volta das 3:10 para iniciar todo o ritual de preparação para a viagem, que envolveu os atos de dar aquela última verificada na bagagem e em seguida vestir todo o equipamento.

 

Saímos de Mossoró em número de seis motos, tendo como pilotos Valmir, Doryan, Erivandro Jr, Fábio, Gurgel Jr e Éder. Desses seis apenas dois estavam sem garupa, sendo eles Valmir e Gurgel.

 

A nossa saída foi na sexta-feira, dia 31 de outubro de 2008, às 5:15h do Posto Entroncamento, localizado no bairro Alto de São Manoel. Foram cinco as paradas durante a viagem de ida. Uma quantidade totalmente inesperada e desnecessária, diga-se de passagem, dado o tamanho relativamente curto do caminho a ser percorrido.

 

A nossa ida a João Pessoa foi mais ou menos assim:

.Os primeiros quilômetros rodados se deram com pouquíssimo tráfego e com a luz do sol começando a irradiar lindamente bem à nossa esquerda.

 

.Parada 1: Angicos (RN) – 107km. Parada pra esticar as pernas e para abastecimento. Cedo demais para parar, eu sei. Mas ficou decidido assim, e assim fizemos. Tomamos água gelada e batemos umas fotos nesse pit stop.

 

.Parada 2: Santa Maria (RN)– 217 km 8:15h. Parada principalmente para tomar o café da manhã (que naquele lugar é sabidamente muito bom!). Aproveitamos a ocasião para abastecer o tanque das motocicletas e fazer algumas fotos. Nessa parada nos encontramos com outros grupos de Mossoró e dali por diante a viagem seria em um comboio bem maior que o da saída, quase sempre com um número superior a dez motocicletas.

 

.Pegamos bastante movimento nas imediações da entrada de Natal. A reta Tabajara estava com um fluxo lento devido a grande quantidade de carros e caminhões. Foi difícil ultrapassar com segurança naquele ponto da estrada.

 

.Parada 3: Goianinha (RN) – 310km 10:20h. Parada relativamente rápida para abastecimento e para mais uma vez esticar as pernas. Muitas fotos foram feitas nesse pit. Dali por diante o fluxo de veículos iria aumentar consideravelmente e nos depararíamos com vários grupos de homens trabalhando na duplicação da pista. Em alguns trechos apenas uma faixa ficava liberada, fazendo com que perdêssemos preciosos minutos esperando a nossa vez de passar.

 

.Parada 4: Mamanguape (PB) – 378km 11:45h. Primeira parada no estado da Paraíba (Finalmente!). Dali em diante o trânsito ficaria um pouco mais calmo e fluindo bem mais rapidamente. O vento passou a ficar contra nós, fazendo com que a pilotagem se tornasse bem mais pesada e cansativa. Nessa parada demos de beber as “moças” e fizemos um lanche rápido. Creio que essa tenha sido a mais demorada de todas as paradas de nossa ida.

 

.Como foi acertado antes de nossa saída passaríamos por Lucena. Esse passeio, em minha opinião, não foi nada proveitoso, pois iríamos almoçar lá e, devido a uma falha de comunicação, dois dos participantes do comboio, que nesse momento voltou a ser de seis motos, passaram direto da entrada e seguiram para o embarque no ferry boat.

 

.Pouco antes de chegarmos a Lucena passamos por grandes e fartas plantações de coqueiros, dispostos uniformemente dos dois lados da estrada. Um forte mau cheiro vindo não sei de onde incomodou um pouco. As curvas eram sinuosas durante todo esse curto trajeto.

 

.Parada 5: Ferry Boat em Lucena (PB) – 451km 13:30h. Após um passeio não muito proveitoso pelas ruas de Lucena, embarcamos no ferry boat para então transpormos os limites de João Pessoa no desembarque. O sol, a fome e o cansaço já torravam a paciência de alguns de nós (principalmente a minha, eu acho!). Muitas fotos foram feitas no trajeto da balsa. Para a minha surpresa éramos os únicos motociclistas a bordo da embarcação.

 

.Parada 6 (Fim): João Pessoa – Praça do Evento – 472km 14:20h. Logo ao descer das motocicletas procuramos a barraca de organização do evento para então fazermos as inscrições, mas a mesma estava fechada, e só abriria às 15 horas. Viagem de ida concluída e missão cumprida, cada um foi procurar se acomodar em sua hospedagem. Deixamos as inscrições para depois.

 

Infelizmente tive irritantes problemas com o hotel onde havia feito a minha reserva. O lugar, que prefiro não citar o nome, na Praia de Tambaú, não era nada legal, não era nada confortável. O problema seria resolvido na manhã do sábado, quando eu consegui mudar de hotel. Instalei-me então em um outro estabelecimento na mesma rua, poucos metros adiante. Só não entendi como a organização do evento sugeriu uma hospedagem daquela categoria aos seus visitantes! Senti-me enganado logo nos primeiros instantes que passei dentro daquele quarto.

 

O evento Rota do Sol, na cidade de João Pessoa, sem sombra de dúvida é um dos melhores da Região Nordeste, e o maior de todos os que eu já participei. Gente de todas as partes do Brasil desfilam prazerosamente com suas belas máquinas nas ruas daquela cidade durante esse fim de semana de festa sobre duas rodas. Na sexta, dia em que chegamos, já havia muita gente, mas no sábado faltou chão! Mal se podia andar nos corredores destinados à festa, e não tinha mais onde estacionar motos. Ninguém nem percebe, nem muito menos reclama, a falta dos generosos “0800” como os que ocorrem nos eventos que temos aqui mais próximo a nós.

 

As lojas do gênero, de motocicletas novas e usadas e de acessórios para motos e para motociclistas, compareceram em peso. Foi possível se encontrar tudo o que se desejava no meio de tantas opções, e tenho certeza de que foi difícil voltar para casa sem novidades na moto ou na vestimenta para muitos dos presentes. O rock and roll embalou a festa em tempo quase que integral, com musicas e solos que combinavam perfeitamente com o tipo de público.

 

A capital da Paraíba é uma cidade extremamente agradável, bastante verde e com gente hospitaleira em todas as esquinas. O trânsito, apesar de muito movimentado, durante a nossa estada estava fluindo de forma mansa, quando não encontramos nenhum engarrafamento. O pessoal que dirige lá deixou em mim a saudável imagem de que costuma respeitar motocicletas circulando nas vias, permitindo inclusive que mudemos de faixa sem tomarmos aqueles irritantes buzinassos no pé do ouvido. O paraibano também foi muito solicito na hora de dar informações de rotas urbanas. Pareceu-me que alguns deles sentiam prazer em poder ajudar os visitantes.

 

O por do sol na Lagoa do Jacaré é uma beleza a parte e é um programa obrigatório para todos os que visitam João Pessoa. Na Praia do Jacaré também é possível passear deliciosamente por entre diversas lojinhas de artesanato e em seguida fazer um lanche a base de tapiocas recheadas (a irmã motociclista Clau Amorim vai gostar muito caso passe por lá!). Estivemos nesse local na sexta feira.

 

Na noite da sexta fui para o evento com meus amigos e sem Ana, pois a mesma estava enfadada de tanta estrada e preferiu ficar descansando no hotel. Ela dormiu das 18h às 7h e preferiu não jantar para poder dormir mais um pouco. Aproveitei a noite da sexta para olhar atenciosamente cada um das lojas, para bater um papo com aqueles que conheço e para fazer umas novas amizades. Retornei ao hotel por volta das 23:30 e finalmente me entreguei ao sono.

 

No sábado fomos todos a alguns pontos turísticos daquela capital. Centenas de fotos foram feitas nesse gostoso passeio. Em seguida me separei dos outros, que iriam para um passeio de barco (que não houve devido à situação da maré), e fui para o hotel tomar um banho para em seguida almoçar. Saímos, apenas Aninha e eu, em busca do Manaira Shoping, que ficava um pouco distante da pousada onde estávamos, agora confortavelmente, instalados.

 

A nossa viagem de volta, após eu ter rodado cerca 75 km na cidade de João Pessoa e zerado o hodômetro parcial de Pérola Negra para o retorno, que na ocasião marcava 547 km, foi mais ou menos assim:

 

.Saímos em número de dois pilotos, apenas Erivandro Jr e eu, da praça onde se realizou o evento. Pegamos a estrada após fazer algumas fotos, nos despedirmos dos organizadores e percebermos que havíamos levado um bolo de Valmir, que disse que ia voltar conosco e acabou voltando antes em viagem solo, às 6 da manhã. Os outros três participantes da nossa ida, Doryan, Gurgel e Fábio, voltariam em horários diferentes. Doryan optou por sair às 5 da manhã e os outros dois escolheram por só voltar no dia seguinte.

 

.A nossa saída se deu pontualmente 8:20h e tivemos três paradas, um número aceitável e saudável para quem estava com garupa e muita bagagem.

 

.O trânsito estava bem mais calmo do que na ida, cerca de 70% melhor segundo os meus cálculos visuais. Os homens trabalhando na duplicação da pista pareciam estar de folga (foram visitar seus parentes e amigos finados no dia destes), pois vimos pouquíssimos deles, que se concentravam apenas nos pontos mais críticos para assumirem a função de controlar o tráfego.

 

.Parada 1: Goianinha (RN) –  10:07h. A primeira parada já se deu no Rio Grande do Norte. O clima estava gostoso, com céu nublado que prometia chuva. Abastecemos as máquinas, comemos umas baganas regadas a Coca-Cola e descansamos um pouco.

 

.Parada 2: Parnamirim (RN) – 173km 11:14h. Essa parada, poucos minutos depois da anterior, se deu para resolver um pequeno problema técnico em uma das motos. Erivandro Jr percebeu que a corrente de sua máquina estava fazendo um barulho estranho. Paramos então para dar um banho de graxa branca nela e logo em seguida pegamos a estrada mais uma vez. Nessa parada não houve abastecimento. Pérola Negra também ganhou uma lubrificação de corrente de brinde.

 

.Dali em diante a velocidade de cruzeiro subiria bastante, onde os dois pilotos decidiram manter um ritmo bem forte no acelerador motivados talvez pela grande vontade de chegar em casa. Eu mantive esse ritmo ousado até um grande susto que passei nas imediações da cidade de Assu. Definitivamente aquela foi uma forte emoção (FORTÍSSIMA!).

 

.Parada 3: Lages (RN) – 290km 12:45h. A velocidade de cruzeiro continuava bem maior que a que mantivemos na ida. O trânsito estava tão calmo a ponto de nos deixar impressionados. Abastecemos as máquinas pela última vez antes de chegarmos em casa. Tomamos sorvete e água gelada para espantar o calor que estava nos castigando e fritando a pele dentro do couro de nossa roupa.

 

.Parada 4 (Fim): Mossoró – 435km 14:50h. Depois de um pequeno grande susto metros antes da ponte de Assu, quando uns bodes decidiram atravessar a pista na hora em que estávamos passando, decidi diminuir o ritmo e agradecer a Deus por ter escapado daquela. O filme da minha vida passou diante meus olhos enquanto eu tentava parar Pérola Negra para evitar o choque com algum dos membros daquela unida família de quadrúpedes. Acho que os pneus novos que instalei antes de fazer essa viagem fizeram toda a diferença nesse instante decisivo. Perdi então Erivandro Jr, que manteve a velocidade, de vista. Após pegar uma rápida neblina já bem perto de Mossoró, que me fez mais uma vez agradecer a Deus por ter passado por aqueles bodes ileso, encontrei Erivandro no ponto onde havíamos escolhido para terminarmos a viagem, a churrascaria O Laçador. Chegando lá desejava comer apenas uma coisa: BODE! Para a minha tristeza, não tinha esse tipo de carne.

 

Sendo assim o total que eu rodei, segundo a marcação feita pelo painel de Pérola Negra, foi de 1.020 km. Foi o maior “passeio” feito por mim e por Aninha, a Srta Esspiã.

 

O Rota do Sol é um evento que jamais deve ser deixado de lado quando estivermos formulando o nosso calendário anual de viagens. Infelizmente eu fui o único Trilhado a me fazer presente. Farei campanha para que no próximo ano os Trilhados compareçam em peso. Vale a pena conferir – Eu garanto!

 

Quero deixar aqui um forte agradecimento a todos aqueles que me ajudaram nessa empreitada motociclística. Amigos já de outras datas, como Erivandro Jr, Doryan e Valmir, e amigos novos, como Fábio e Gurgel Jr (O Barbudinho!), tornaram esse fim de semana melhor e ainda mais agradável para o Esspiao e a Srta Esspiã.  Peço a Deus para ter vocês sempre ao lado do casal Esspiao, quer seja nas estradas, quer seja fora delas.

 

Agradeço, para finalizar, ao Pai Celestial por ter nos levado e nos trazido em paz. Peço para que Ele continue cuidando de nós durante essas aventuras sobre duas rodas, pois sem Ele nada somos e de nada somos capazes.

 

Informo desde já que, se Deus permitir, estaremos em Jampa novamente no 11º Rota do Sol, em 2009. Por enquanto ficarei recordando os melhores momentos vendo e revendo as 750 fotos que fizemos, Ana e eu, durante o fim de semana.

 

Agradeço agora a atenção e o tempo dedicados à leitura desse “breve” relato.

 

Abraços fraternais a todos os amigos motociclistas.

 

Sem mais para o momento.

 

Fiquem com Deus!

 

Éder Negreiros (Trilhados M. C. – Mossoró/RN)

trilhados@hotmail.com

 

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Comentários
9 Comentários

9 comentários:

  1. sohhh essa aventura foi massa mesmo!! Grande galera essa meu irmão. fuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

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  2. Muito bom o relato, parabens e se Deus assim nos permitir esteremos novamento no 11 Rota do Sol

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  3. Todos os detalhes! Assim que eu gosto!!!!
    Já vi que teremos possibilidade de animais na pista entre RN/PB!!!!
    Fico muito contente de toda viagem ter acontecido dentro da paz com muito sucesso!
    Parabens pelo viajandão!!!

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  4. Cara, foi uma pena isso. Acho que essa falha de comunicação se deu mais devido ao atraso por conta das paradas excessivas. Sabe como é, o tempo vai passando, a fome vai apertando e a paciência vai se esgotando. Talvez a parada de Mamanguape tenha sido o maior vacilo da viagem de ida.

    Outra coisa que achei estranho foi ler você comentar que percorreram as ruas de Lucena, quando a idéia era percorrer apenas a parte turística, sem passar pela cidade. Outro vacilo foi ter perdido a chance de almoçar na praia antes de atravessar para Cabedelo. Realmente faltou entrar em um denominador comum; infelizmente, comum nas viagens em grupo.

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  5. Firmo aqui o meu compromisso de estar em João Pessoa para o evento de 2009.

    Estive olhando no calendário e vi que o feriado do dia 2 de novembro cairá numa segunda-feira.

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  6. Depois de assistir aos vídeos da viagem, dei uma olhada no Google Earth e pude perceber a bobeira que vocês deram.

    Esse foi o caminho que vocês fizeram, passando por dentro de Lucena e seguindo até a balsa. Total: 15,6 km



    Este é o caminho que vocês deveriam ter feito, passando pela Igreja da Guia e seguindo até a balsa. Total: 8,5 km



    A igreja fica na ponta superior desse "C" que aparece no roteiro. Se vocês fossem direto por esse caminho", sem passar pela igreja da guia, a distância seria de 8 km. Ou seja, vocês rodaram quase o dobro.

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