sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Vocês sabem fazer uma curva de moto?

Há alguns dias eu vi uma cena que seria cômica, se não fosse trágica. Eu acompanhei de perto um acidente de moto de um motoqueiro que, na opinião dele, sabia "pilotar" sua supermoto, no caso, uma Honda CB 600F Hornet.

 

O acidente foi aqui em Palmas mesmo. O infeliz estava subindo em uma série de curvas sinuosas e, por algum motivo desconhecido, perdeu levemente a traseira e literalmente saiu de tangente, batendo direto no barranco do lado oposto da curva (acentuada à direita). Ele teve muita sorte de não ter sofrido nada mais grave do que arranhões (nele e na moto) e, mais importante ainda, não ter batido em ninguém que vinha no sentido contrário, já que aquela subida é de uma visibilidade péssima do sentido contrário.

 

Se ele tivesse aplicado um simples contra-esterço, era bem provável que ele conseguiria fazer a moto se equilibrar de novo.

 

Com base nisso, eu faço uma pergunta a vocês: Vocês sabem fazer uma curva de moto?

 

Engraçado é que mesmo eu falando assim, como se eu fosse o guru da direção motociclística, muitas coisas sobre direção de motos eu não sabia e outras coisas eu já havia me habituado a trabalhar. Entre as coisas que eu já conhecia e uso sempre é a técnica de contra-esterço.

 

Se você é daqueles que ao entrar em uma curva, seja no dia a dia ou mesmo em uma pilotagem mais agressiva, gira o guidão para o lado de dentro da mesma, então esqueça tudo que pratica! Você não sabe nada de pilotagem!

 

Mas não se assuste, pois a maioria dos que andam de moto, mesmo há vários anos, ficam surpresos ao saber que a resposta correta é forçar o guidão no sentido contrário ao da curva, ou seja, para "fora". Essa manobra é chamada "contra-esterço".

 

Para entender melhor a manobra coloque a moto em uma estrada reta em velocidade superior a 35km/h. Force ligeiramente o guidão para a direita e você perceberá que a moto segue para a esquerda. Ao forçar o guidão para a esquerda a moto ira tomar a direção da direita. Ou seja, tudo ao contrario do que você imaginava!

 

Isto é o contra-esterço. É girar o guidão para o lado 'errado' para que a moto vá para o lado 'certo'.

 

A maioria faz esta manobra de modo inconsciente, pois esta é uma reação natural ao efeito giroscópio das rodas. O efeito giroscópio surge em velocidades superiores a 35 km/h (até menos, em motos trail e bigtrail) e se torna mais intenso quanto maior for a velocidade, dependendo do tipo de moto e do tamanho de suas rodas, já que quanto maior for esse diâmetro também maior será o efeito giroscópio. É um fenômeno físico criado pelo movimento giratório das rodas da moto. Sua tendência é mantê-la em pé e rodando em linha reta enquanto existir movimento e velocidade. Em velocidade inferiores, a moto reage como uma bicicleta.

 

 

A curvatura externa que existe nos pneus de motos, também ajuda quando o piloto realiza o contra-esterço, eliminando a tendência de a moto em se manter em linha reta, forçando-a a inclinar-se e "deitar" para o lado de "dentro" da curva.

 

Ao forçar levemente o guidão para o lado contrário ao da curva, o piloto facilita o controle da moto, equilibrando as forças que atuam sobre ela. Parece contraditório, mas o "contra-esterço" serve para ajustar a moto à velocidade e ao raio da curva, podendo fazê-la "deitar" mais ou menos, conforme a necessidade.

 

Quanto mais força de contra-esterço o piloto aplicar sobre o guidão, mais a moto deitará e fechará a curva. A manobra é importantíssima para quem pilota em alta velocidade, mas também é extremamente útil em situações normais.

 

É na hora de fazer a curva que se conhece o bom piloto, já que nas retas exige-se pouca habilidade. E cada estilo e tamanho de moto apresenta um limite diferente quando o assunto é curva.

 

Fazer um curva também envolve física, pois duas forças básicas atuam na moto. A da gravidade (peso da moto e a do piloto) que com a moto inclinada, a comprime contra o chão. E a força centrífuga que, devido a velocidade, "empurra" a moto para fora da curva. Essas duas forças agem sobre a suspensão e os pneus. É do equilíbrio entre estas forças e da aderência dos pneus à superfície que depende uma curva bem feita.

 

Outra coisa: quanto maior e mais pesada a moto, mais ela sofrerá com a força centrífuga. O mesmo ocorre com a velocidade: quanto mais rápido mais se sente o efeito da força centrífuga. Tem mais: quanto mais fechada a curva, maior será a ação da força centrífuga.

 

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A arte de fazer a curva

 

O segredo de uma curva bem feita é reduzir a velocidade antes de "entrar", se for necessário frear, use os freios dianteiro e traseiro ao mesmo tempo, antes da curva, inclinar a moto e corpo de acordo com necessidade, manter aceleração constante e só aumentar a aceleração depois de terminada a curva.

 

Ou seja, quem se inclina na curva é o conjunto moto-piloto com a exploração ao máximo do efeito contra-esterço. Se você é daqueles que fica jogando o corpo para os lados sobre a moto nas curvas, lembre-se que provavelmente estará comprometendo sua segurança durante a viagem. Tente praticar as técnicas que eu citei aqui e comentem suas experiências nos comentários.

 

Em tempo, outras aplicações do contra-esterço são: ultrapassar de forma mais rápida e segura; corrigir a entrada na curva; desviar de objetos em plena curva; corrigir a trajetória na curva; mudar a trajetória em reta sem deslocar o corpo; retornar a moto para a posição menos inclinada após a curva o mais rápido possível e, claro, facilitar a entrada na curva sem fazer muita força.

 

Ah sim, o cara que fez a proeza do começo do post se considera "um motoqueiro de primeira" e "não entendeu como a moto dele fez aquilo". Bom, pelo menos está vivo pra aprender que moto não é como carro. No carro, você precisa lutar contra ele para manobrar. Na moto, você precisa estar em sintonia com ela para manobrar. Esse é o segredo da deliciosa sensação de se pilotar uma moto.

 

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Por Eduardo Rolim:

 

Bom, vamos analisar novamente o evento do contra-esterço. Isso é importante pra você entender bem a curva ...

 

Primeiramente, como você viu, o contra-esterço praticamente guia a moto sozinha, mas o ideal é não usar sozinho essa técnica. Segundo, se você estudar bem, quando você usa o tronco pra fazer a curva, deitando-se para o lado de dentro da curva, o que acontece? No caso de uma curva à esquerda, se você notar você empurra o lado esquerdo e puxa o direito, intuitivamente. Pode analisar. Ou seja, o movimento de tronco é uma derivação intuitiva da técnica. Quanto a abrir as pernas, eu não vejo tanta necessidade, a não ser que você use o joelho para estabilizar em curvas extremamente fechadas. Um teste que você pode fazer é o seguinte: Fique duro em cima da moto, como se você fosse parte da carenagem e aplique o contra-esterço. Você verá que ela mudará a direção de uma forma violenta e seca. Se você usar o corpo pra ajudar a moto, com essas técnicas que você citou, você verá que ela faz a mesma curva bem mais suave e com menos força. É como dançar. Você é quem guia o movimento, mas você também precisa participar dele para que a dança fique suave e bonita.

 

Mas, continuando, o movimento do pêndulo como foi dito é nada mais do que você usar o contra-esterço pra reverter a direção de curva da moto. Em caso de curvas sinuosas, em S, o que você faz é, ao final da primeira curva, você já aplica a força no guidão para o outro lado, no caso o lado da curva da qual você está saindo, e a moto responderá rapidamente.

 

Vamos a um exemplo. Você vai entrar em uma série de três curvas em S, começando pela direita. Sua ação de contra-esterço pra entrar na curva é puxar o guidão para a esquerda. No final da curva, você pode simplesmente começar a puxar o guidão para a direita, quando você entrar na curva oposta à que você está saindo.

 

Uma maneira de você testar isso é usando rotatórias, pois você sempre faz ela pela esquerda e sair em uma curva para direita. Mas cuidado com esse tipo de curvas, pois daí em diante você precisa saber além disso, saber como entrar em uma curva ... Por exemplo, se você entrou na curva bem fechado, na maioria dos casos você sairá dela muito aberto, correndo o risco de cair na contramão.

 

Eu estou pensando em fazer um post sobre como entrar em curvas de maneira mais segura e esportiva, mas a dica é a seguinte: "Quanto mais você atrasar para entrar na curva, melhor é pra você sair dela. Você pode ter uma falsa sensação de insegurança, de achar que não conseguirá fazer a curva a tempo, mas você sempre consegue."

 

Espero que você tenha entendido e gostado da explicação. Faça sempre essas experiências quando você tiver um espaço aberto ou mesmo quando você vir que não oferecerá riscos à ninguém. Eu mesmo gosto de praticar isso no dia-a-dia pois você nunca sabe quando você precisará desviar de uma pedra em plena rotatória, com um carro do seu lado direito e com um meio-fio do lado esquerdo.

 

Bom aprendizado. E como eu disse, logo em breve vou postar um texto sobre como entrar em curvas. Talvez mais breve possível.

 

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Como Fazer Curvas

 

Seguir uma trajetória correta nas curvas é algo fundamental para a segurança do motociclista. Na estrada, encontramos o mais variado gênero de curvas; de raio crescente, sucessivas, em variados ângulos

 

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Equipe Moto Esporte

 

Para enfrentar uma curva devem seguir-se algumas normas básicas, válidas para todos os gêneros de motos, onde incluímos os atos a cumprir antes de entrar, no centro e na saída da curva.

 

Na estrada encontramos variados tipos de curvas, saiba de algumas: de raio constante, as mais fáceis de negociar; com raio decrescente, talvez as mais complicadas porque “fecham” no final; com raio crescente que se abrem. Cada uma tem as suas características particulares e trajetória própria, mas todas apresentam três pontos vitais para correta e segura abordagem: ponto do começo da curva – momento em que iniciamos a inclinação; ponto do meio – o instante em que se entra no interior da curva, e ponto de saída, que tal como o nome indica, é utilizado para sair da curva até ao regresso da moto à posição vertical.

 

Antes de chegar a uma curva devemos ter em mente como efetuar a manobra e, supostamente, conhecer a curva em questão. Devemos também decidir qual a velocidade, quando e onde vamos frear, porque nem todos o fazem de idêntico modo. Realizar tudo isto permite circular com superior segurança, porque o nosso cérebro passa a coordenar antecipadamente todas as manobras.

 

As situações de pânico na hora de fazer uma curva, é por não se ter chegado à velocidade correta da curva, atingem-se geralmente devido a frenagem tardia, por não conhecer a curva ou outros imprevistos como manchas de óleo, sujeira, etc...

 

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EM SEGURANÇA

 

Conseguir uma trajetória ideal passa por realizar corretamente o primeiro ponto e os seguintes, porque na verdade estão profundamente ligados; se, por exemplo, nos anteciparmos no primeiro, atingimos demasiado cedo o segundo (ponto) e, por conseguinte, abriremos em excesso a saída da curva, ou inclinaremos demasiado a moto pondo em causa a aderência, com possível deslocação para a faixa contrária ou acostamento. Uma coisa deve ficar clara: quanto menos inclinarmos, mais segurança teremos, e inclusive velocidade – erradamente, muitas vezes confunde-se uma acentuada inclinação com uma deslocação rápida. Isso é um grande erro.

 

Não se esqueçam que uma trajetória bem executada permite acelerar a partir do ponto máximo de inclinação, oferecendo garantias de segurança superiores.

 

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Não duvidem: quanto mais inclinados estiverem, menos poderão acelerar.

NÃO PROCURE PROBLEMAS...

 

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 Um resumo, aqui os erros mais comuns na negociação de curvas, e eventuais conseqüências:

 

Travar bruscamente quando entramos inclinados numa curva: isso levar-nos-á para o exterior. Quando se inicia a inclinação toda a frenagem já deve ter sido realizada.

Confiar no estado aparente do piso: no meio da curva podem aparecer ondulações, manchas de óleo... Impõe-se conduzir sempre com grande margem de segurança em estrada aberta.

Atingir o ponto máximo de inclinação em freando: garante saída para o exterior e possível queda, pois é o momento de maior inclinação da moto.

Sair da faixa de rodagem para negociar a curva – seja à entrada ou saída: coloca em risco a nossa integridade física e em perigo os veículos que circulam em sentido contrário.

Acelerar antes de sair do ponto máximo de inclinação: mais uma razão para sair rumo ao exterior!

Entrar na curva com uma “mudança” demasiadamente alta, e reduzir no meio ou à saída da curva: à entrada da curva já devemos ter engrenada a velocidade certa.

Antecipar o ponto de inclinação: implica retificar a trajetória a meio da curva ou permanecer demasiado tempo inclinado, com os riscos conseqüentes.

Tirar uma mão do guidão em plena curva: nem para saudar outro motociclista, pois com as motos esportivas existentes na atualidade, será bastante provável que a alteração de forças produza uma balançada brusca no guidão.

Fazer a curva com a embreagem pressionada: imprudência temerária, pois impede a retenção do motor e desestabiliza a moto.

Ultrapassar um veículo em plena curva: ainda que exista visibilidade e seja permitido, esse veículo pode esconder-nos algum obstáculo do terreno.

Retardar excessivamente a frenagem em terreno desconhecido: pois não se sabe que tipo de curva aparece pela frente.

 

Atenção – Um conselho final: em piso molhado, nunca atuar como em piso seco. Com chuva, estrada molhada ou asfalto úmido... No mínimo, aplique-se mais 50% de prudência e suavidade em todas as ações sobre a moto.

 

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Graça Santos

Natal - RN

 

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Augusto Medeiros

MASTER BRAZIL RIDERS RN

DIR. MOTOTRIBO POTIGUAR

 

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Material recebido por e-mail.

 

Sem mais para o momento.

 

Fiquem com Deus!

 

Éder Negreiros – Esspiao (esspiao@hotmail.com)

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Trilhados M. C. – Mossoró/RN

www.trilhados.com

 

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Comentários
7 Comentários

7 comentários:

  1. BELEZA BELEZA!! SEMPRE NAS CURVAS TEMOS QUE TER O MAXIMO DE ATENÇÃO E RESPONSABILIDADE!

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  2. Achei esse texto muito massa. Sempre busco fazer uso disso que o autor chama de contra-esterço.

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  3. Muitos instrutivo esse texto!

    Todos tem que ler.

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  4. Texto muito instrutivo, ja uso o contra-esterço e faz uma grande diferença, sempre procuro passar pra turma pra começar a utilizar essa manobra tbm, aos poucos ate ir se acostumando, afinal moto e curva tem muita fisica envolvida e precisamos usar essas forças a nosso favor e nao conta nos.

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  5. eu dei o maior valor tb.

    serve até de cartilha para os iniciantes.

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